sexta-feira, 31 de dezembro de 2010


Aos meus leitores e leitoras *-*

Amanhã é dia de nascer de novo.
Te desejo uma fé enorme. Em qualquer coisa, não importa o quê. Desejo esperanças novinhas em folha, todos os dias. Tomara que a gente não desista de ser quem é por nada nem ninguém deste mundo. Que a gente reconheça o poder do outro sem esquecer do nosso. Que as mentiras alheias não confundam as nossas verdades, mesmo que as mentiras e as verdades sejam impermanentes. Que friagem nenhuma seja capaz de encabular o nosso calor mais bonito. Que, mesmo quando estivermos doendo, não percamos de vista nem de sonho a ideia da alegria. Tomara que apesar dos apesares todos, a gente continue tendo valentia suficiente para não abrir mão de se sentir feliz. As coisas vão dar certo. Vai ter amor, vai ter fé, vai ter paz – se não tiver, a gente inventa. Te quero ver feliz, te quero ver sem melancolia nenhuma. Certo, muitas ilusões dançaram. Mas eu me recuso a descrer absolutamente de tudo, eu faço força para manter algumas esperanças acesas, como velas. Que 2011 seja doce. Repito sete vezes para dar sorte: que seja doce que seja doce que seja doce e assim por diante. Que seja bom o que vier, pra você.

Texto adaptado de Caio F. Abreu

quinta-feira, 30 de dezembro de 2010


Finjo o tempo todo, rio, sou alegre, dispersivo, com aquele brilho superficial e ridículo. E em cada fim de noite me sinto um lixo. Caio F. Abreu

Ter provado outra vez desta solidão acho que me fez melhor. Ou mais humano, ou dolorido.
Quem sabe?

Caio F. Abreu

Eu sinto ciúme quando alguém te abraça, porquê por um segundo essa pessoa está segurando meu mundo inteiro.

Caio F. Abreu

quarta-feira, 29 de dezembro de 2010


Então fingirás - aplicadamente, fingirás acreditar que no próximo ano tudo será diferente, que as coisas sempre se renovam.

Caio F. Abreu

segunda-feira, 27 de dezembro de 2010


Não estou fazendo nada errado só estou tentando deixar as coisas um pouco mais bonitas.

Caio F. Abreu

Sobretudo, não se angustie procurando-o: ele vem até você, quando você e ele estiverem prontos.

Caio F. Abreu

Ele gostava quando ela dizia sabe, nunca tive um papo com outro cara assim que nem tenho com você. Ela gostava quando ele dizia gozado, você parece uma pessoa que eu conheço há muito tempo. E de quando ele falava calma, você tá tensa, vem cá, e a abraçava e a fazia deitar a cabeça no ombro dele para olhar longe, no horizonte do mar, até que tudo passasse, e tudo passava assim desse jeito. Ele gostava tanto quando ela passava as mãos nos cabelos da nuca dele, aqueles meio crespos, e dizia bobo, você não passa de um menino bobo.

Caio F. Abreu

Preciso sim, preciso tanto. Alguém que me desperte com um beijo, abra a janela para o sol ou a penumbra. Tanto faz, e sem dizer nada me diga o tempo inteiro alguma coisa. Preciso do teu beijo de mel na minha boca de areia seca, preciso da tua mão de seda no couro da minha mão crispada de solidão. Preciso dessa emoção que os antigos chamavam de amor, quando sexo não era morte e as pessoas não tinham medo disso que fazia a gente dissolver o próprio ego no ego do outro e misturar coxas e espíritos no fundo do outro você... Preciso de você que eu tanto amo e nunca encontrei. Para continuar vivendo, preciso da parte de mim que não está em mim, mas guardada em você que eu não conheço. Tenho urgência de ti, meu amor. Para me tocar, para me tocar e no toque me salvar. Preciso ter certeza que inventar nosso encontro sempre foi pura intuição, não mera loucura.

Caio F. Abreu

Eu vou embora sozinha. Eu tenho um sonho, eu tenho um destino, e se bater o carro e arrebentar a cara toda saindo daqui. continua tudo certo. Fora da roda, montada na minha loucura. Dá minha jaqueta, boy, que faz um puta frio lá fora e quando chega essa hora da noite eu me desencanto. Viro outra vez aquilo que sou todo dia, fechada sozinha perdida no meu quarto, longe da roda e de tudo: uma criança assustada.

Caio F. Abreu

Fiquei. Você sabe que eu fiquei. E que ficaria até o fim, até o fundo. Que aceitei a queda, que aceitei a morte. Que nessa aceitação, caí. Que nessa queda, morri. Tenho me carregado tão perdido e pesado pelos dias afora. E ninguém vê que estou morto.

Caio F. Abreu

Quando fecho os olhos, é você quem eu vejo; aos lados, em cima, embaixo, por fora e por dentro de mim. Dilacerando felicidades de mentira, desconstruindo tudo o que planejei, abrindo todas as janelas para um mundo deserto. É você quem sorri, morde o lábio, fala grosso, conta histórias, me tira do sério, faz ares de palhaço, pinta segredos, ilumina o corredor por onde passo todos os dias.

Caio F. Abreu

Comecei a enumerar nos dedos quem poderia sentir a minha falta: sobraram dedos. Todos estes que estou olhando agora!

Caio F. Abreu

sábado, 25 de dezembro de 2010


Elen Alencar diz:
*eu me apego as coitadinhas
*KKKKKKKKK

*OMG

Raphael diz:

*eu n
*aaksoakoskaos
*desde uns tempos n me apego a quase nd na vida

Elen Alencar diz:
*isso é bom ?
Raphael diz:

*maybe
*as circunstâncias que moldam a gente

Elen Alencar diz:

*isso é bem verdade.


PS: ele foi profundo nessa g.g

sexta-feira, 24 de dezembro de 2010


Acessando esse site http://www.doepalavras.com.br/, vocês podem dar amor e esperança às pessoas com câncer. É só deixar uma mensagem curta e ela aparecerá no telão do Hospital Mario Penna.

Quero ver você não chorar, não olhar pra trás, nem se arrepender do que faz.
Quero ver o amor vencer, mas se a dor nascer você resistir e sorrir.
Se você pode ser assim, tão enorme assim, eu vou crer.
Que o Natal existe, que ninguém é triste, que no mundo há sempre amor.
Bom Natal, um feliz Natal, muito amor e paz, pra você.


Feliz Natal *-*

quarta-feira, 22 de dezembro de 2010


Contarás nos dedos os dias que faltam para que termine o ano, não são muitos,
pensarás com alívio.

Caio F. Abreu

terça-feira, 21 de dezembro de 2010


Bom mesmo é parar pra ouvir aquela música que um dia nos marcou e não sentir nada. Agora posso sentir verdadeiramente minha vida e ter a liberdade de saber que não tenho dependência em uma droga que me fez tanto mal. Isso ainda nem é maturidade, acho que foi aquele exame de conciência que eu fiz na semana passada, olhando em direção ao sol que me banhava. Lembro que me perguntei - Mas vale a pena priorizar aqueles que não nos valorizam? - de alguma forma, a resposta chegou em mim como um grande NÃO, bem assim e acho que ele também foi alto, alto o bastante pra me fazer entender que eu me basto, os outros são detalhes que agregarei ou não em meu caminho. Estou cada dia mais viva e isso é mérito meu.

Elen S. Alencar

- sabia que se você colocar o ouvido bem
pertinho da concha, a gente ouve o som do mar?
parece que guarda o mar todinho dentro dela.
- se você colocar o ouvido bem pertinho
do meu peito, também vai ouvir um sor
- estou ouvindo... o que é?
- o som do amar... parece que guardo
você todinha dentro de mim.

Davi Drummond

Será que tem gente que sonha com a gente antes de acordar?
Como se faz pra estar lá ?
Cáh Morandi

Encontrei-o e deixei passar. Ele não marcava. Era do tipo que passava sem que ninguém desse conta. Não gosto de pessoas que não marcam, tem que deixar alguma lembrança - um perfume, uma música, uma palavra, uma comida, qualquer coisa (...) - mas tem que marcar. Qual a graça de se apaixonar pelo comum? Não, tem que haver aquela magia do desconhecido, do diferente em meio ao comum do mundo. E ele, bem ele não sabia do que se tratava isso. Elen S. Alencar

domingo, 19 de dezembro de 2010


Amor não é se envolver com a pessoa perfeita, aquela dos nossos sonhos. Não existem príncipes nem princesas. Encare a outra pessoa de forma sincera e real, exaltando suas qualidades, mas sabendo também de seus defeitos. O amor só é lindo, quando encontramos alguém que nos transforme no melhor que podemos ser.

Mário Quintana


Há alguns anos. Deus — ou isso que chamamos assim, tão descuidadamente, de Deus —, enviou-me certo presente ambíguo: uma possibilidade de amor. Ou disso que chamamos, também com descuido e alguma pressa, de amor. E você sabe a que me refiro.

Antes que pudesse me assustar e, depois do susto, hesitar entre ir ou não ir, querer ou não querer — eu já estava lá dentro.

Caio F. Abreu


Já que você não aparece,
Venho por meio desta
Devolver teu faroeste,
O teu papel de seda,
A tua meia bege,
Tome também teu book,
Leve teu ultraleve
Carteira de saúde,
Tua receita de quibe,
De quiabo, de quibebe,
Do diabo que te carregue,
Te carregue, te carregue
Teu truque sujo, teu hálito,
Teu flerte, tua prancha de surf,
Tua idéia sem verve,
Que nada disso me serve
Já que você não merece,
Devolva minhas preces,
Meu canto, meu amor,
Meu tempo, por favor,
E minha alegria que,
Naquele dia,
Só te emprestei por uns dias
E é tudo que lhe pertence


Ps: já que você foi embora por que não desaparece?
Alice Ruiz

Quando penso que uma palavra pode mudar tudo, não fico mudo. Mudo.
Alice Ruiz


Você tem tanta vontade de chorar, tanta vontade de ir embora. Para que o protejam, para que sintam falta. Tanta vontade de viajar para bem longe, romper todos os laços, sem deixar endereço...

Caio F. Abreu

sexta-feira, 17 de dezembro de 2010


Para que não me firam, minto (...) E tomo a providência cuidadosa de eu mesmo me ferir, sem prestar atenção se estou ferindo o outro também. No meu demente exercício para pisar no real, finjo que não fantasio. E fantasio, fantasio. Até o último momento esperei que você me chamasse pelo telefone.

Caio F. Abreu

quinta-feira, 16 de dezembro de 2010


De repente toda mágica se acabou e na nossa casinha apertada tá faltando graça, tá sobrando espaço, tô sobrando num sobrado sem ventilador. Vai dizer que nossas preces não alcançaram o céu? Coração, que ainda vem me perguntar o que aconteceu. Conta se seu rosto por acaso ainda tem o gosto meu. Com duas conchas nas mãos, vem vestida de ouro e poeira, falando de um jeito maneira da lua, da estrela e de um certo mal que agora acompanha o teu dia. E pra minha poesia é ponto final, é o ponto que recomeço, recanto e despeço da magia que balança o mundo. Bailarina, Soldado de Chumbo, beijo e dor... Nossa casinha pequena, parece vazia sem o teu balé, sem teu café requentado, Soldado de chumbo não fica de pé
(...)
O Teatro Mágico

Fiquei ali parado, procurando alguma coisa que não estava nem esteve ou estaria jamais ali.

Caio F. Abreu

Não, não ofereço perigo algum: sou quieta como folha de outono esquecida entre as páginas de um livro, sou definida e clara como o jarro com a bacia de ágata no canto do quarto - e tomada com cuidado, verto água límpida sobre as mãos para que se possa refrescar o rosto mas, se tocada por dedos bruscos num segundo me estilhaço em cacos, me esfarelo em poeira dourada.

Caio F. Abreu

terça-feira, 14 de dezembro de 2010


Precisamos de Santos sem véu ou batina.
Precisamos de Santos de calças jeans e tênis.

Precisamos de Santos que vão ao cinema, ouvem música e passeiam com os amigos.

Precisamos de Santos que coloquem Deus em primeiro lugar, mas que se "lascam" na faculdade.

Precisamos de Santos que tenham tempo todo dia para rezar e que saibam namorar na pureza e castidade, ou que consagrem sua castidade.

Precisamos de Santos modernos, santos do século XXI, com uma espiritualidade inserida em nosso tempo.

Precisamos de Santos comprometidos com os pobres e as necessárias mudanças sociais.
Precisamos de Santos que vivam no mundo, se santifiquem no mundo, que não tenham medo de viver no mundo.
Precisamos de Santos que bebam coca-cola e comam hot dog, que usem jeans, que sejam internautas, que escutem disc man.

Precisamos de Santos que amem apaixonadamente a Eucaristia e que não tenham vergonha de tomar um refri ou comer uma pizza no fim-de-semana com os amigos.
Precisamos de Santos que gostem de cinema, de teatro, de música, de dança, de esporte. Precisamos de Santos sociáveis, abertos, normais, amigos, alegres, companheiros.
Precisamos de Santos que estejam no mundo; e saibam saborear as coisas puras e boas do mundo, mas que não sejam mundanos.

Papa João Paulo II

Eu não quero promessas. Promessas criam expectativas e expectativas borram maquiagens e comprimem estômagos...

Tati Bernardi



Cuida de mim, enquando não esqueço de você
Cuida de mim, enquanto finjo que sou quem eu queria ser
(...)
O Teatro Mágico


Posso brincar de descobrir desenho em nuvens Posso contar meus pesadelos e até minhas coisas fúteis Posso tirar a tua roupa Posso fazer o que eu quiser Posso perder o juízo Mas com você eu tô tranquilo, tranquilo

Jota Quest

Quero passar dos limites da aparência, e achar o que há de mais lindo no coração.

Caio F. Abreu

Não importa como você se sinta, levante, se vista e apareça. Produza. A vida não vem embrulhada em um laço, mas ainda é um presente.

Regina Brett

Loucura, eu penso, é sempre um extremo de lucidez. Um limite insuportável.

Caio F. Abreu

Me dá licença que agora eu vou beijar o céu.

Jimi Hendrix



É preciso estar distraído e não esperando absolutamente nada. Não há nada a ser esperado. Nem desesperado.

Caio F. Abreu


Quando você prometeu que aquela estrela seria para sempre minha, esqueceu de me dizer o quanto seria difícil isso. O quanto seria difícil acreditar nisso. E acreditar em você. Um amor em forma de estrela. Uma estrela em forma de amor. E dois seres distantes, anos luz distantes, próximos, tão próximos, que quase podiam se tocar. Você esqueceu de me dizer o quanto isso seria difícil. Não fosse essa estrela, que todo dia brilha na minha janela, eu já teria enlouquecido.

Caio F. Abreu

Você vai perguntar: mas houve o erro? Bem, não sei se a palavra exata é essa, erro. Mas estava ali, tão completamente ali, você me entende? No segundo seguinte, você ia tocá-la, você ia tê-la. Era tão. Tão imediata. Tão agora. Tão já. E não era. Meu Deus, não era. Foi você que errou? Foi você que não soube fazer o movimento correto? O movimento perfeito, tinha que ser um movimento perfeito...

Caio F. Abreu

segunda-feira, 13 de dezembro de 2010


Era sábado à noite, quase verão, pela cidade havia tantos shows e peças teatrais e bares repletos e festas e pré-estréias em sessões de meia-noite e gente se encontrando e motos correndo e tão difícil renunciar a tudo isso para permanecer no apartamento lendo, espiando pela janela a alegria alheia.

Caio F. Abreu

Não é saudade, porque para mim a vida é dinâmica e nunca lamento o que se perdeu - mas é sem dúvida uma sensação muito clara de que a vida escorre talvez rápida demais e, a cada momento, tudo se perde.

Caio F. Abreu

Sabe, para mim a vida é um punhado de lantejoulas e purpurina que o vento sopra. Daqui a pouco tudo vai ser passado mesmo - deixa o vento soprar, let it be, fique pelo menos com o gostinho de ter brilhado um pouco...

Caio F. Abreu

domingo, 12 de dezembro de 2010


Tenho amigos tão bonitos. Ninguém suspeita, mas sou uma pessoa muito rica.
Caio F. Abreu

sábado, 11 de dezembro de 2010


Ter ou não ter namorado, eis a questão


Quem não tem namorado é alguém que tirou férias remuneradas de si mesmo. Namorado é a mais difícil das conquistas. Difícil porque namorado de verdade é muito raro. Necessita de adivinhação, de pele, saliva, lágrima, nuvem, quindim, brisa ou filosofia. Paquera, gabira, flerte, caso, transa, envolvimento, até paixão é fácil. Mas namorado mesmo é muito difícil.

Namorado não precisa ser o mais bonito, mas ser aquele a quem se quer proteger e quando se chega ao lado dele a gente treme, sua frio, e quase desmaia pedindo proteção. A proteção dele não precisa ser parruda ou bandoleira: basta um olhar de compreensão ou mesmo de aflição.

Quem não tem namorado não é quem não tem amor: é quem não sabe o gosto de namorar. Se você tem três pretendentes, dois paqueras, um envolvimento, dois amantes e um esposo; mesmo assim pode não ter nenhum namorado. Não tem namorado quem não sabe o gosto da chuva, cinema, sessão das duas, medo do pai, sanduíche da padaria ou drible no trabalho.

Não tem namorado quem transa sem carinho, quem se acaricia sem vontade de virar lagartixa e quem ama sem alegria.

Não tem namorado quem faz pactos de amor apenas com a infelicidade. Namorar é fazer pactos com a felicidade, ainda que rápida, escondida, fugidia ou impossível de curar.

Não tem namorado quem não sabe dar o valor de mãos dadas, de carinho escondido na hora que passa o filme, da flor catada no muro e entregue de repente, de poesia de Fernando Pessoa, Vinícius de Moraes ou Chico Buarque, lida bem devagar, de gargalhada quando fala junto ou descobre a meia rasgada, de ânsia enorme de viajar junto para a Escócia, ou mesmo de metrô, bonde, nuvem, cavalo, tapete mágico ou foguete interplanetário.

Não tem namorado quem não gosta de dormir, fazer sesta abraçado, fazer compra junto. Não tem namorado quem não gosta de falar do próprio amor nem de ficar horas e horas olhando o mistério do outro dentro dos olhos dele; abobalhados de alegria pela lucidez do amor.

Não tem namorado quem não redescobre a criança e a do amado e vai com ela a parques, fliperamas, beira d'água, show do Milton Nascimento, bosques enluarados, ruas de sonhos ou musical da Metro.

Não tem namorado quem não tem música secreta com ele, quem não dedica livros, quem não recorta artigos, quem não se chateia com o fato de seu bem ser paquerado. Não tem namorado quem ama sem gostar; quem gosta sem curtir quem curte sem aprofundar. Não tem namorado quem nunca sentiu o gosto de ser lembrado de repente no fim de semana, na madrugada ou meio-dia do dia de sol em plena praia cheia de rivais.

Não tem namorado quem ama sem se dedicar, quem namora sem brincar, quem vive cheio de obrigações; quem faz sexo sem esperar o outro ir junto com ele.

Não tem namorado que confunde solidão com ficar sozinho e em paz. Não tem namorado quem não fala sozinho, não ri de si mesmo e quem tem medo de ser afetivo.

Se você não tem namorado porque não descobriu que o amor é alegre e você vive pesando 200Kg de grilos e de medos. Ponha a saia mais leve, aquela de chita, e passeie de mãos dadas com o ar. Enfeite-se com margaridas e ternuras e escove a alma com leves fricções de esperança. De alma escovada e coração estouvado, saia do quintal de si mesma e descubra o próprio jardim.

Acorde com gosto de caqui e sorria lírios para quem passe debaixo de sua janela. Ponha intenção de quermesse em seus olhos e beba licor de contos de fada. Ande como se o chão estivesse repleto de sons de flauta e do céu descesse uma névoa de borboletas, cada qual trazendo uma pérola falante a dizer frases sutis e palavras de galanteio.

Se você não tem namorado é porque não enlouqueceu aquele pouquinho necessário para fazer a vida parar e, de repente, parecer que faz sentido.


Artur da Távola


Busco em outras histórias pedaços esquecidos do passado. Em frente, apenas a lembrança dos dias que virão. Compro flores como se pudessem rever as rosas que enfeitavam um jardim que me marcou, em algum lugar estranho. Tudo é tão verde em seus olhos, que é impossível não enxergar pela sua clarividência. Justo quando me acostumava, o ar fato. Fulminante como um raio em noite de tempestade, novamente o tapa brutal da dor.

Caio F. Abreu

Não te tocar, não pedir um abraço, não pedir ajuda, não dizer que estou ferido, que quase morri, não dizer nada, fechar os olhos, ouvir o barulho do mar, fingindo dormir, que tudo está bem, os hematomas no plexo solar, o coração rasgado, mas pra você parece estar tudo bem.

Caio F. Abreu

Mas de tudo isso, me ficaram coisas tão boas... Uma lembrança boa de você, uma vontade de cuidar melhor de mim, de ser melhor para mim e para os outros. De não morrer, de não sufocar, de continuar sentindo encantamento por alguma outra pessoa que o futuro trará, porque sempre traz, e então não repetir nenhum comportamento. Ser novo.

Caio F. Abreu


Sempre penso coisas bobas a seu respeito, a nosso respeito. Sempre quando estou voltando para casa, a noite, da janela do ônibus apenas aquela calma escuridão e vez em quando as luzes dos outros carros, inevitavelmente me remetem você. Mesmo em meio a tanta escuridão, tenho pensamentos clatinhos, límpidos como aquela água gelada, coletada numa cachoeira. Penso com carinho, ainda que não aparente. Quando venho em pé, coisa que me deixa bastante irritada, ainda assim, me aconchego em uma daquelas barras de ferro do ônibus e me recordo dos momentos. Vou para longe, sumo daquele lugar e todos os sonhos dalí, não são maiores que meus pensamentos. Viajo em corpo, mente e coração. Pena que não posso te levar comigo, você jamais seria capaz de imaginar esses meus sonhos absurdos. A viagem segue, eu sigo junto, calada, quieta, imóvel e uma voz quebra meu silêncio, busca por mim em meio a escuridão, quer explicações por haver aquele silêncio, pergunta se estou bem. Claro que estou, pensamentos são apenas pensamentos, a não ser que corramos atrás, mas não farei isso. Eu cheguei em casa, não tem problema, amanhã viajarei novamente pela estrada, por você.

Elen S. Alencar